terça-feira, 26 de janeiro de 2010
ENGARRAFANDO NUVENS
"Nuvens… São elas hoje a principal realidade, e preocupam-me como se o velar do céu fosse um dos grandes perigos de meu destino".(Fernando Pessoa)
Uma hora ou outra todos nos debruçamos, cabeça baixa e olhos ignorantes, diante das impossibilidades da vida. Há quem diga que o acalento de uma bebida cai-nos bem ao corpo e espírito cansados da espera dos medalhões que dia após dia nos exigem mais competição. Eís o motivo pelo qual Magnólia estava alí a beber.
Sabia ela com convicção que o círculo das horas não pertence a nenhum dos homens.
Olhava atenta ao redor para tudo que houvera construído e inflada da sua embriaguês, orgulhosa do próprio pensamento, tinha a certeza de que não só ela, mas, todos os humanos "todos sem exceções" NÃO ERAM METADE DO QUE SONHAVAM SER.
Lembrou-se nesse instante de uma frase "Somos do tamanho dos nossos sonhos". Nunca antes Magnólia ousou refletir aquelas palavras.
Gargalhava agora ela enquanto interrogava sobre o próprio tamanho. "SOMOS DO TAMANHO DOS NOSSOS SONHOS? SOMOS DO TAMANHO DOS NOSSOS SONHOS?".
Talvez pela bebida sentiu-se partida em duas: A primeira e grande Magnólia que por ter tido grandes sonhos deveria mesmo ser grande também; e a segunda e pequena que por pequena ser deve ter sonhado pouco ou o insuficiente para crescer.
Ao concluir a bipartição de si, tomou uma golada maior da Vodka que anestesiava aquela cirurgia mal sucedida. E talvez tenha derramado um pouco no corte com o pretexto de estancar a dor de não ser nem a primeira, nem a segunda, mas a que da vida deteve nas mãos apenas aquela garrafa e seu conteúdo.
De longe as nuvens são lindas, macias e de formas tão diversas que é impossível não escolher ao menos uma...
"Sou dependente de sonhos! Somos todos dependentes!" -
De certo o céu naquele instante sinalizou premissas e nuvens de outros tons e uma fina garoa caiu sobre Magnólia adiconando mais bebida a sua garrafa. Ela já havia feito a sua escolha e foi assim que minutos antes de adormecer, Magnólia balbuciou palavras que ao despertar jamais lembraria.
"Tão impossível quanto tocarmos uma nuvem é tentarmos ser do tamanho de nossos sonhos: O máximo que se pode conseguir é ter as mãos molhadas".
- LAVA-NOS AS MÃOS,TIRA-NOS A CULPA DOS NOSSOS SONHOS E SERVE-NOS DO TEU CÉU EM GARRAFAS MAIS BARATAS.
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Parabens pelo texto, gostei muito vc escreve com sensibilidade.
ResponderExcluirO melhor remédio para as nossas dores é a busca por Deus, só a fé cura, só Jesus é capaz de apaziguar nossas frutrações e medos. Pense Nisso.
ResponderExcluirRafa, que maravilha de texto! Quero uma golada da água das nuvens.
ResponderExcluirabrs